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O INÍCIO DA HISTÓRIA DA ÓPTICA NO BRASIL – PARTE IV

No final do século XIX e início do século XX, o cenário havia se transformado. Outros oculistas mecânicos já trabalhavam no Brasil, oferecendo seus serviços e abrindo as janelas de um novo mundo para os seus clientes. Ainda assim, o acesso aos produtos ópticos estava restrito a algumas regiões e cidades brasileiras. É o que você vai conferir a seguir.

PARTE IV – O PIONEIRISMO DE HERSCHEL E A CONSOLIDAÇÃO DO SEGMENTO

historia da otica

Após o pioneirismo de Herschel, chega à cidade de Recife Joseph Merz, que anuncia a confecção de qualquer tipo de óculos com lentes alemãs e austríacas. O oculista mecânico passa a receber encomendas na Loja Grande, na Rua dos Quarteis, e no Largo do Rosário. Merz divulga a confecção de todos os tipos de óculos. Vejamos seu anúncio:

Confecciona todos os tipos de óculos, vista curta ou cansada, a partir de 800 réis o par, receba visita em casa.

É interessante que, após alguns publicações de Merz, em julho de 1840, a senhora Rosa Conceição o procura por meio de outro anúncio, que dizia:

A pessoa que a tempo anunciou óculos, favor anunciar sua morada.

Dias depois, um novo anúncio responde ao pedido de Rosa Conceição:

A senhora que pede óculos, deixe recado na Rua da Cruz número 63 com N. Bieber.

O oculista Merz fixa-se entre Recife e Salvador e passa a vender seus óculos para a elite local, funcionários públicos, religiosos, jornalistas e estudantes. Tornou-se amigo pessoal do cirurgião Dr. Joaquim Aquino Fonseca, que, já em 1850, realizava cirurgia ocular na cidade de Recife. Em 1865, Merz volta para a Europa e envia para Recife o oculista prático José Germann, que se estabelece na Rua Nova, onde continua a confeccionar e vender óculos de grau. O jornal Jornal de Pernambuco publica um interessante anúncio de Germann sobre seus serviços de técnico oculista:

Verdadeiros vidros de óculos, com minhas lentes a vista descansa, uma vez escolhido o vidro de óculos pode durar 10 anos, com os vidros ordinários se está obrigado a mudá-los todos os anos e os ter cada vez mais grossos, o que altera o cristalino do olho. Faça óculos para vista míope, para vista que se cobre de nuvens, para vista que se vê esvoaçar pequenos pontos negros, para a vista que as pálpebras tremem de fraqueza, para vista que os olhos são desiguais, para a vista que se turva com o trabalho e a leitura; para a vista presbita, para vista que não suporta os raios solares e grande claridade, para a vista operada de catarata, para a vista em que as pálpebras estão cercadas de sangue, para evitar que o cristalino do olho se cubra com a catarata. Venha a rua Nova e realize um exame, técnico formado na Alemanha.

Durante todo o período monárquico, a óptica no Brasil ficou restrita a algumas grandes cidades: começou no Recife, expandiu-se para Salvador, São Paulo, Rio Grande e, por fim, Porto Alegre. O mercado consumidor era muito limitado. O país possuía um sistema econômico agrário e, até a primeira metade do século XIX, não existiam fatores favoráveis à industrialização brasileira. A política livre-cambista e as concorrências das manufaturas inglesas impediam a nossa industrialização.

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Os profissionais que se estabeleciam no Brasil traziam uma bagagem técnica adquirida, principalmente, na Alemanha e, essencialmente, neste período da história da óptica, pertenciam à comunidade judaica, o que ajudou a consolidar o segmento, pois eles formavam uma rede de contatos e estabeleciam uma relação de confiança, que se iniciou com Herschel e foi continuamente alimentada durante todo século XIX. Assim encerramos nossa jornada pelo início da óptica no Brasil. Este resumo foi escrito com base no livro A História da Óptica no Brasil, de autoria do professor e pesquisador José Moraes dos Santos Neto, a quem agradecemos por compartilhar suas pesquisas com o Brasil e o mundo. Quem sabe, mais adiante, retornamos com mais momentos importantes para a óptica brasileira. Muito obrigado por nos acompanhar até aqui e até a próxima!

Voltar para PARTE III – HERSCHEL VEM PARA O BRASIL E CHEGA AO RIO GRANDE DO SUL

Por Mário Gaiger

Baseado no livro História da Óptica no Brasil, de José Moraes dos Santos Neto

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O INÍCIO DA HISTÓRIA DA ÓPTICA NO BRASIL – PARTE III

Vocês lembram que, na Parte I, falamos sobre Jacob Geiger, um negociante austríaco que administrava a casa de leilões Roscoe & Alwyn, em Recife, e recebia as encomendas para Herschel? Mesmo seu sobrenome tendo uma grafia diferente, acreditamos que ele foi o primeiro “Gaiger” a trabalhar com óptica no Brasil. Vamos conhecer como os “ópticos científicos” chegaram no Sul do país?

PARTE III – HERSCHEL VEM PARA O BRASIL E CHEGA AO RIO GRANDE DO SUL

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O técnico oculista Joseph Herschel chegou ao Recife no dia 26 de agosto de 1835. Após breve acordo com Geiger, iniciou um comércio próprio, publicando um anúncio no jornal Diário de Pernambuco, que dizia: José Herschel, Oculista Mecânico, tem a honra de oferecer a sua arte como oculista e igualmente fazer e consertar toda a qualidade de óculos, para qualquer vista, por mais débil que seja, tanto para ver de perto como de longe. Por isto, suplica ao público que lhe honre com sua concorrência que ele tratará de servi-lo à sua satisfação: as pessoas que não puderem ir a sua casa poderão mandar chamá-lo que ele prontamente servirá. A sua residência é na Ponte Velha em frente à casa do Catão e das doze horas do dia até as duas da tarde na rua da Cruz número 10.

Após uma temporada na cidade do Recife, Herschel vai para Salvador, onde procede da mesma forma: anuncia sua chegada e recebe encomendas, fato que vai se repetir no Rio de Janeiro e no Rio Grande do Sul. De volta ao Recife, ele passa a atender seus clientes na loja Lenoir Puger, na Rua do Colégio, e anuncia a confecção de óculos com armações brancas e azuis e lentes inglesas, francesas e alemãs. Após um ano entre Recife e Salvador, Herschel viaja, novamente, para o Rio de Janeiro. Posteriormente, começa a atender a clientela do Rio Grande do Sul e do Uruguai, sendo que sua base foi a cidade portuária de Rio Grande.

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Curiosamente, nas regiões Sul e Sudeste, os oculistas eram chamados de “ópticos científicos” e não de “oculistas mecânicos” como ocorria no Nordeste. As armações de prova do século XIX chegaram ao Brasil pelas mãos desses profissionais. A parte superior era utilizada para medir a distância interpupilar com um dispositivo que variava de acordo com a altura da base do nariz. Nas laterais, rodas dentadas para girar os cilindros e, no centro, espaço para as lentes. E, após os oculistas pioneiros, que rumo a história da óptica no Brasil tomou?

É o que você pode conferir na quarta e última parte desta trajetória.

PARTE II – HERSCHEL VEM PARA O BRASIL E CHEGA AO RIO GRANDE DO SUL 

PARTE IV – O PIONEIRISMO DE HERSCHEL E A CONSOLIDAÇÃO DO SEGMENTO

Por Mário Gaiger

Baseado no livro História da Óptica no Brasil, de José Moraes dos Santos Neto

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O início da Óptica no Brasil - Parte II

E a nossa jornada pelos primórdios da óptica brasileira continua.

No início dos anos 1830, o trabalho do oculista mecânico alemão Joseph Herschel era bastante valorizado, o que lhe garantiu clientes ilustres. Entre eles, estava o jovem Dom Pedro II. Vamos à segunda parte da história da óptica no Brasil.

PARTE II – DOM PEDRO II, O IMPERADOR DAS LETRAS 

História da Ótica

É interessante notar um autorretrato feito pelo jovem príncipe aos nove anos de idade, em que ele é representado de óculos. Este registro foi feito em 1834, durante as aulas de seu mestre de desenho Simplício Rodrigues de Sá, discípulo de Jean B. Debret. O fim do Primeiro Reinado foi tenso e, em abril de 1831, o imperador Dom Pedro I retorna a Portugal, deixando no Brasil seu filho, o príncipe regente Dom Pedro, aos cuidados de tutores e de Dona Mariana Carlota de Verna Magalhães Coutinho, sua mãe no amor e na criação. Foi pelas mãos prestimosas de Dona Mariana de Verna que o jovem príncipe, com pouca idade, aprendeu a ler e escrever.

O príncipe regente e suas irmãs passavam a maior parte do tempo no Paço Imperial da Quinta da Boa Vista, onde habitavam o primeiro andar. Além das brincadeiras de soldado e dos exercícios de esgrima, dirigidos pelo Coronel Luís Alves de Lima, futuro Duque de Caxias, a leitura era o passatempo preferido do menino. No local, havia uma biblioteca trazida pela Imperatriz Leopoldina em 1871 e também uma coleção de livros do próprio príncipe, localizada no espaço palaciano chamado de Torreão Velho. O menino, a cada ano, aprimorava a sua já vasta cultura com a febril atividade da leitura, que não cessava nem quando ele viajava durante o verão para a Imperial Fazenda de Santa Cruz.

Não sabemos a data exata em que o jovem príncipe começou a usar óculos de leitura, mas tudo indica que foi durante o ano de 1833, pouco antes de completar dez anos, após o falecimento de sua irmã. Os óculos, um presente de Roque Schüch, foram produzidos por Herschel, que veio para o Brasil para atender um cliente muito especial.

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Bem mais tarde, o imperador Dom Pedro II, já adulto e com anos de reinado, encomendou a Herschel uma peça valiosa: um pincenê – óculos sem haste que se prende ao nariz por meio de uma mola – de lentes ovais e armação em ouro e casco de tartaruga, tendo na base do aro direito uma coroa imperial com as letras PII. A peça foi preservada por muitos anos pela família imperial brasileira e, atualmente, encontra-se no Museu Inaldo de Lyra Neves- Manta, pertencente à Academia Nacional de Medicina.

Ficou curioso(a) para saber como esta história se desenrola? Será que os oculistas mecânicos chegaram ao Sul do país? Siga para a Parte III - Herschel vem para o Brasil e Chega ao Rio Grande do Sul.

PARTE I – DOS OCULISTAS MECÂNICOS EUROPEUS À DIFICULDADE DE ENXERGAR DE DOM PEDRO 

Por Mário Gaiger

Baseado no livro História da Óptica no Brasil, de José Moraes dos Santos Neto

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